Acabaram as palavras, uso sempre as mesmas e isso enerva-me.
Tudo me enerva, aliás o facto de estar a dizer que isto me enerva me deixa
possesso. Estou no limbo da morte intelectual, não em termos presunçosos, mas
apenas do normal funcionamento de uma cabeça. A ansiedade toma controlo de corpo
e alma e nem um nem outro, nem juntos, conseguem manter-se a tona do líquido de
desespero. Talvez deva ler dicionários, talvez deva atirar-me para a frente de
um comboio de mercadorias ou duma ponte bem alta, talvez não exista, talvez
esteja a chegar a altura de perceber que em vão é em vão. Quantas mãos já foram
? Boas tentativas sem dúvidas, dos outros. Tu ? Acabaram-te as palavras e isso
deixa-te no desespero o pior sentimento inventado pelo que habita o interior
de mim. Sufocar significa não deixar respirar, e o meu expirar esbarra nas
correntes subidas do desespero e enche enche enche enche enche. Mas pior que
tudo, não tenho mais palavras.
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