domingo, abril 14, 2013

Arte&Eu


A preto e branco, a cores, sempre gostei de filmes. Leves ou pesadas, sempre gostei de letras pretas em papel branco. A adoração não tem como norma o efeito, e nem sequer o sentimento positivo que possa parecer a priori. A arte tem arte de me fazer sentir vivo, fazer rodar as engrenagens, nem que seja para me sentir vivo, mesmo continuando a não viver e ter medo disso. Alimenta-me o medo de cessar mesmo pensando nisso a toda a hora. Dá-me ideias para combater o desespero, ideias essas que se tornarão também frustradas e desesperadas, mas que no momento em que nascem são pequenos enganos que alimento por dentro. Chamem-me indulgente. Não o sou em perdoo, apenas em complacência e hipocrisia.
                Ter com que filmar não nos faz cineastas, ter uma guitarra não nos faz músicos, ter mãos não nos faz escultores, ter palavras não nos faz escritores. Isto tenho como certo, e uso-o sem vergonha para explicar que não consiga explicar como quero, quanto mais cativar. Ter-me e ter com o que trabalhar-me, não faz de mim ninguém.
                Agora é um momento pós-arte. Uma daquelas ideias que já falei, o milionésimo planeamento para o meu aparecimento. A minha vida não é um filme, antes fosse. Afinal de contas só desejo o simples: saber fazer algo, ter alguém que me passe a mão pela face, que me olhe e das minhas vistas saia uma luz que confirme a minha satisfação com os factores que já apontei.
                E se esta é uma das tais ideias é também um conjunto de letras, um molho de palavras que não consigo usar de forma fluída, ousada, bonita. Uma coisa que eu gostasse de ler.

Sem comentários:

Enviar um comentário