quinta-feira, novembro 22, 2012

Cidades Ardem


Carros que passam e ninguém os conduz.
Ninguém está lá dentro e ninguém existe.
O sol mal se levantou e já entristece com a falta de vida e o pavimento fechado em copas.
Nada mostra os dentes,
não há vida nas rodas, nas pessoas,
no amor do amor.
Elefantes gigantes tombam e voam sobre ninguém,
por cima de carros vazios.
Bestas gigantes e fulgorosas apanham o não olhar de quem vê o que quer,
e não o que queria mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo...ver.
As cidades estão já a arder,
o tijolo dos prédios cai e confunde-se com os cadáveres,
nada existe, ninguém vê, ninguém sabe.
Quem estará aí? Quem existe?
(Além de deus, claro, que não existe)
Oh, eu. Onde morri.
Talvez onde todos também desapareceram,
no lugar em que os elefantes só pisavam.
Passa por mim alguém com um braço.
Não existe (nem o braço, nem a pessoa).
Passam a correr, apanham o fogo na roupa e correm até morrer.
De cansaço.
Pelo fogo mas com falta dele.

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